Quando
se investe em um fundo de renda fixa, a pessoa está pagando para um
administrador escolher em qual título público irá investir o seu
dinheiro. Dependendo da taxa de administração cobrada, o rendimento da
aplicação poderá ficar até mesmo abaixo da
poupança.
O
Tesouro Direto é uma modalidade de investimento que permite ao próprio
investidor administrar a sua carteira, optando pelo título que lhe
parece mais adequado para atingir seus objetivos financeiros. O
investidor não vai pagar a taxa de administração, mas vai ter de
escolher qual é o título que melhor se molde aos seus objetivos.
O
professor de Finanças da FGV-SP e PUC-SP, Fábio Gallo, diz que a
primeira lição para definir uma estratégia de investimentos é saber para
qual objetivo está juntando dinheiro.
Quando
a pessoa entende para que está aplicando seu capital, ela pode casar o
prazo da aplicação com seu objetivo. "A pessoa só contrata uma
cozinheira se ela não sabe cozinhar ou não tem tempo para isso. A mesma
coisa acontece com o dinheiro. Quem sabe investir e tem tempo pode fazer
isso sozinho."
Veja
aqui como investir no Tesouro Direto.
QUAIS SÃO OS TÍTULOS OFERECIDOS PELO TESOURO DIRETO
 | LTN: Letras do Tesouro Nacional
•
É um título prefixado, no qual o investidor sabe qual é a rentabilidade
que vai ter se mantiver o papel até a data do vencimento.
• Tem fluxo simples: uma aplicação e um resgate;
•
Indicado para o investidor que acredita que a taxa prefixada será maior
que a taxa de juros básica da economia naquele mesmo prazo do título. |
 | NTN-F: Notas do Tesouro Nacional – Série F
•
É um título prefixado, como a LTN, ou seja, o investidor sabe qual será
o retorno do título se ficar com ele até o vencimento. Mas, no caso da
NTN –F, o investidor recebe um pagamento semestral de juros (cupom).
•
Indicado para o investidor que deseja obter um fluxo de rendimentos a
cada seis meses (cupons de juros) a uma taxa de juros pré-definida antes
do vencimento do título. |
 | NTN-B: Notas do Tesouro Nacional – Série B
•
Paga juros mais a variação do IPCA. Permite ao investidor obter
rentabilidade em termos reais, mantendo seu poder de compra ao longo do
tempo, ao se proteger da inflação. Neste papel, o investidor recebe o
pagamento de juros semestrais (cupom).
• Requer que o investidor reinvista o dinheiro a cada recebimento do cupom semestral. |
 | NTN-B: Notas do Tesouro Nacional – Principal
• Semelhante à NTN-B, é um título que paga juros mais a variação do IPCA. Mas este papel não paga cupom semestral.
• Proporciona rentabilidade real;
•
Fluxo simples: uma aplicação e um resgate. É mais simples para o
investidor do que a NTN-B, pois suprime a preocupação e o trabalho
necessários ao reinvestimento, e reduz o custo de transação. |
 | LFT: Letras Financeiras do Tesouro
• É um título pós-fixado, que tem seu rendimento atrelado à variação da taxa de juros básica da economia (taxa Selic).
• Indicado para o investidor que deseja uma rentabilidade pós-fixada indexada à taxa de juros da economia (Selic);
• Fluxo simples: uma aplicação e um resgate. |
No dia 22/10/2013, o Tesouro Direto disponibilizava para compra 5 tipos de papéis com vencimentos diversos.
O
papel com prazo mais curto vence em 1º de janeiro de 2016 e é uma LTN
(Letra do Tesouro Nacional), um papel prefixado que permite ao
investidor saber exatamente quanto vai receber de juros no vencimento do
papel.
O
papel mais longo tem vencimento para daqui a 37 anos - 15/08/2050.
Trata-se de uma NTN-B (Nota do Tesouro Nacional – série B), que paga
semestralmente juros ao investidor, o chamado "cupom", além de um prêmio
de juros mais a variação do IPCA. Ou seja, este é um papel para quem
quer se proteger dos efeitos nefastos da inflação
No
meio deste caminho, vários títulos com vencimentos diversos e ainda a
opção da LFT – Letra Financeira do Tesouro, que acompanha a variação da
taxa básica de juros, a Selic. Se ela sobe, a LFT rende mais. Se ela
desce, o rendimento míngua.
Prazo mais longo, mais chance de enfrentar solavancos
A
segunda lição para quem quer investir em títulos do Tesouro é saber que
quanto mais longo o prazo do vencimento, mais chances de haver grande
volatilidade no valor do título durante o caminho.
Ou
seja, se o investidor precisar vender o título antes do vencimento, ele
corre o risco de ter perdas financeiras. Isso acontece por conta de um
fenômeno chamado "marcação a mercado".
Por
este mecanismo, o preço do papel é atualizado diariamente. Se a taxa de
juros ou a inflação sobem, por exemplo, o valor nominal do papel será
ajustado para que reflita as novas condições.
A alta dos juros neste ano, por exemplo, levou os títulos indexados à inflação (NTN-Bs) e os prefixados (LTNs e NTN-Fs) a terem
perdas de
até 25%. Mas isso só prejudicou quem comprou o papel e vendeu antes do
vencimento. Quem ficar com o título até a data do vencimento, irá
receber exatamente o valor que foi acordado. As LFTs, indexadas à Selic,
se beneficiaram do movimento de alta.
É
por isso que o professor Fábio Gallo enfatiza a necessidade de se saber
para que se está investindo. Quem está pensando na aposentadoria daqui a
30 anos, por exemplo, poderia investir num título com vencimento mais
longo sem ter sobressaltos a cada solavanco do papel. Vai ficar
tranquilo porque poderá resgatar no vencimento e receber o prometido.
Maior risco é precisar do dinheiro antes do vencimento
Chegamos
então à terceira lição sobre os riscos do investimento. O risco de
crédito, ou seja, aquele de não receber o dinheiro investido, é pequeno,
já que quem garante o pagamento é o Tesouro Nacional.
Isso
significa que a pessoa só não irá receber o dinheiro de volta se o país
quebrar. O risco de liquidez também é baixo. O que é risco de liquidez?
Liquidez é a facilidade de transformar um ativo, uma aplicação, em
dinheiro vivo. Esse risco no Tesouro Direto é baixo pois há leilões de
recompra dos papéis todas as quartas-feiras.
QUANTO CUSTA INVESTIR NO TESOURO DIRETO
Custo | Custódia de 0,3% ao ano + taxa de corretagem |
Garantia | Tesouro Nacional |
Impostos | Incide IOF para resgates com menos de 30 dias e alíquota regressiva de IR de acordo com duração do investimento |
Investimento mínimo | R$ 30,00 |
Investimento máximo | R$ 1.000.000,00 |
Quando comprar | Todos os dias, das 9h às 5h do dia seguinte |
Quando vender | Venda de títulos toda 4ª feira, das 9h às 5h da 5ª feira |
Rentabilidade | Variável de acordo com o título |
O
maior risco mesmo é da pessoa precisar se desfazer dos papéis no meio
do caminho quando eles estiverem sendo remarcados a um preço menor do
que o investidor aplicou.
Conhecidos
os riscos, resta a quarta lição. Escolher entre títulos indexados à
inflação, receber juros conhecidos previamente ou optar por papéis
indexados à taxa de juros básica da economia.
Para
o professor Fábio Gallo, o ideal é diversificar a carteira, ou seja,
aplicar em um pouco de tudo. Garantir o poder de compra investindo em
títulos indexados à inflação, se proteger de possíveis altas dos juros
com papéis que acompanham esse movimento e também garantir um
rentabilidade conhecida investindo em papéis que já determinam qual será
sua remuneração.
Com o tempo, investidor começa a identificar oportunidades do mercado
Neste momento, especialistas identificam uma
oportunidade de
compra nos títulos ligados à inflação, pelo tamanho do tombo que
levaram, o que fez com que suas cotas ficassem mais baratas para compra.
Para
quem começa a aplicar e compreender o mercado, vai aos poucos
identificando os movimentos de alta e baixa e podendo até mesmo mudar de
posição.
Ou
seja: ficar bem quietinho quando o papel estiver apanhando durante o
processo. Ou vender e comprar outros papéis, para aproveitar o ganho
financeiro durante o caminho. Exatamente como uma cozinheira experiente
que começa a inventar suas próprias receitas.