Como escolher entre poupança e fundo DI? A dica é olhar a taxa de
administração cobrada pelo fundo e o tempo que pretende aplicar o
dinheiro, afirma o professor de matemática financeira José Vieira Dutra
Sobrinho.
Menos de seis meses no investimento e taxa de administração acima de 1% dão vantagem à caderneta de poupança.
Um estudo realizado pelo professor com três cenários – taxa Selic a 9%
ao ano, 9,5% ao ano e 10% ao ano – mostra a diferença de rentabilidade
entre poupança e fundo DI levando-se em conta a taxa de administração
cobrada pelos fundos e o tempo de investimento.
As conclusões
são duas: quanto maior a taxa de administração, menor a chance de o
fundo ganhar da poupança. E a segunda: quanto menor o prazo da
aplicação, mais a rentabilidade do fundo se esvazia diante da caderneta.
Isso porque o Imposto de Renda cobrado para aplicações de até seis
meses é de 22,5%, enquanto a caderneta é isenta do imposto a qualquer
tempo.
Para os investidores que permanecem dois anos ou mais no
fundo, o Imposto de Renda cai para 15%, o que representa um expressivo
aumento da rentabilidade.
De acordo com o estudo do professor, com o cenário da atual Selic, de
9% ao ano, se o investidor permanecer menos de seis meses no fundo, terá
um rendimento menor que o da caderneta.
O mesmo acontece se ele investir por dois anos, mas num fundo que cobre uma taxa de administração de 2%.
Nesse caso, o investidor que tivesse aplicado R$ 10.000,00 na poupança, teria, ao final de dois anos, R$ 11.347,75.
Se descuidasse da taxa de administração e aplicasse pelo mesmo período
num fundo que cobrasse 2%, o rendimento seria de R$ 11.194,33.
Se tivesse optado por um fundo cuja taxa fosse de 0,5%, o rendimento do fundo superaria o da poupança: R$ 11.480,70.
Vantagem da poupança é maior no curto prazo
A vantagem da poupança fica ainda maior quando o investidor deixa o dinheiro por um período curto, de menos de seis meses.
Enquanto o investidor que deixou o dinheiro na poupança teria R$
10.321,13 na conta, o investidor que optou pelo fundo com taxa de
administração de 2% veria seu dinheiro render bem menos, R$ 10.260,54.
Além da taxa de administração, ele pagou também 22,5% de Imposto de Renda. Mau negócio, portanto.
A situação fica melhor para o investidor do fundo de investimento se a
taxa Selic aumentar para 10% ao ano. Neste caso, o investidor irá ganhar
sempre da poupança, exceto num único cenário: se investir por menos de
seis meses num fundo com taxa de administração de 2% ao ano.
Pela simulação do professor Dutra, o investidor que tivesse aplicado R$
10.000,00 na caderneta teria R$ 10.318,42 em seis meses e R$ 11.335,84
em dois anos.
Se tivesse deixado o dinheiro no fundo com a menor
taxa de administração, 0,5%, teria R$ 10.356,48 em seis meses e R$
11.660,65 em dois anos. Uma bela diferença.
Mas se tivesse
aplicado por seis anos no fundo com taxa de administração a 2% ao ano,
perderia da poupança: R$ 10.297,01. Todo cuidado, como se vê, é pouco.
Selic acima de 9,5% diminui rentabilidade da poupança
Com a Selic acima de 9,5% ao ano, acontece um fenômeno interessante no cálculo da caderneta de poupança.
O professor Dutra Sobrinho explica que, à medida que a Selic sobe, um
redutor aplicado sobre a Taxa Referencial (TR), que compõe o cálculo da
caderneta, incide de forma mais agressiva, o que reduz a rentabilidade
da aplicação.
Isso explica porque a caderneta tem um rendimento
melhor com a Selic a 9,5% ao ano do que quando a taxa vai a 10% ao ano -
R$ 11.365,64 ante R$ 11.335,84 em dois anos.
E também explica porque fica mais fácil do fundo ganhar da poupança quando os juros básicos da economia atingem esse nível.
Segundo Dutra Sobrinho, é preciso fazer o investidor ficar atento à
rentabilidade líquida dos fundos, isto é, a rentabilidade já descontada a
taxa de administração e IR. "Se não presta atenção, o investidor entra
pelo cano", diz.